A abrótea (Asphodelus ramosus L.), também conhecida como abrótea-de-primavera ou gamão é uma planta bolbosa, muito enraizada na cultura popular, devido às suas potencialidades curativas. Esta planta apresenta raízes grossas e fasciculadas, muito parecidas com as raízes das cenouras, assemelhando-se mesmo a um molho de cenouras atadas. Formam grandes cachos ligados ao caule da planta e entram terra adentro, até profundidades muitas vezes superiores a 30 cm. Além disso, apresentam um sabor amargo, pelo que não se aconselha a sua ingestão. Possui um caule ereto, com várias folhas lineares e planas na base (até 40 cm de comprimento), apresentando semelhanças com as dos alhos.

O caule central chega a atingir cerca de 150 cm de altura. No topo, as inflorescências em forma de cacho com vistosas flores brancas, embora simples, ostentam grande beleza. Floresce entre os meses de Fevereiro e Maio. Os frutos apresentam-se em forma de cápsula, com seis sementes no interior.

As abróteas na Antiguidade

Na antiguidade, as abróteas colocavam-se junto dos túmulos.

Na religião taoista, os seus crentes acreditavam que quem consumisse a abrótea roxa se tornaria imortal.

A abrótea era sagrada para Perséfone, filha de Deméter, levada abruptamente por Hades para o submundo. Seria esta magnífica planta que, no submundo, ocuparia as planícies de Hades, o Deus do mundo inferior e dos mortos. Na Grécia antiga, as abróteas eram plantadas nas proximidades das sepulturas, pois os gregos consideram que a planta era o alimento preferido dos mortos.

Em suma, a abrótea foi, ao longo dos tempos associada à mitologia.

Uma planta originária do Mediterrâneo

Esta planta autóctone e vivaz tem como habitat principal os países quentes que circundam o Mar Mediterrâneo. Em Portugal, pode encontrar-se, quer no Norte, quer no Sul do país, sobretudo em regiões mais altas e viradas para o sol, estando identificadas 8 espécies. Tem preferência por matas, bermas de estradas, terrenos baldios, incultos e pedregosos (sobretudo xistosos), secos e solos ácidos. Começa a desabrochar nos campos nos finais do mês de Fevereiro.

A toxicidade da abrótea

As abróteas contêm uma substância chamada asfodelina. Este alcalóide apresenta elevada toxicidade e, quando ingerido,  acelera o ritmo cardíaco, podendo levar à morte. É frequente ver as abróteas nos pastos, formando extensos jardins autóctones, todavia, estão sempre intactas, pois o gado não lhes toca, ou porque pressentem o risco de as ingerir ou porque não lhes agrada o sabor.  Por isso é frequente encontrá-las às centenas ou milhares ao longo dos campos. No entanto, a toxicidade patente nas plantas cruas, desaparece quando estas são sujeitas a um processo de cozedura.

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