A figueira é uma árvore que todos conhecem, da qual existem várias variedades. Originária do Oriente, foi trazida para e Europa pelos Fenícios. É muito cultivada em Portugal, principalmente no Algarve. Embora tenha mais aproveitamentos, são os seus figos a parte mais importante, por conterem em abundância vitaminas dos complexos A, B1, B2 e C. Segundo a história antiga reza, já os faraós do Egispto os usavam desenhados nos seus símbolos e nas suas pirâmides. Eram os figos e o trigo os principais alimentos, desses antigos povos que circundavam o Mediterrâneo, em certas épocas do ano. São muito ricos em açúcar e, como tal, bastante alimentícios. Antigamente, no meu tempo de criança, recordo-me de alguns camponeses que engordavam os seus porcos apenas com figos e farelos de trigo. Era um tempo em que as figueiras abundavam na minha região. Eu próprio, com 8 ou 9 anos de idade, os colhia nas figueiras dos outros, porque ninguém ligava a isso, e vinha vendê-los a Montemor, dentro de um pequeno cesto, para apurar uns tostões.

Descrição

A figueira é uma árvore bastante volumosa, não só em altura, como também em circunferência. Nos terrenos mais húmidos, chega a atingir de 10 a 15 metros de altura. Na nossa zona existem 4 variedades diferentes: figo-branco, figo-algarvio, figo moscatel e figo preto. Todas elas dão duas camadas de figos. A primeira é a dos figos lampos, que são maiores e vêm bastante cedo, mas também são sempre em pequenas quantidades. A outra camada aparece no Outono. Mais explicações não são necessárias porque toos os conhecem. Utilizam-se várias partes das figueiras: a casca dos ramos novos, frutos (figos), latéx dos ramos e das folhas.

Habitat e localização

A figueira existe por toda a Europa e em outros Continentes. Originária do Oriente, depressa se expandiu por outros lados. Em Portugal, abunda em qualquer lugar. Mais no Algarve, onde os seus figos eram, não só para consumo nacional depois de secos, como também eram exportados em grandes quantidades. Na zona de Montemor-o-Novo, quando eu era ainda muito jovem, não existia qualquer olival que não possuísse 3 ou 4 figueiras. Nos pomares, eram às dezenas. Só assim se compreende, que os pobres da região, na falta de pão, iam aos figos e não eram incomodados. Mas era quem mais cedo se levantasse, porque amadureciam durante a noite e, para os que se levantavam mais tarde, já a colheita estava feita para esse dia e tinham que jejuar.

Aplicações principais

O infuso da casca da figueira, 30 a 40 gramas para 11 de água, em gargarejo, em doenças de garganta e em chá para a diarreia. O latéx branco, que brota dos seus ramos e folhas, é empregado como tópico nas verrugas da cara, para as destruir, e em calos dos pés e mãos. Também existe quem o aproveite para misturar na carne que nós comemos, por conter enzimas com capacidade de a tornar mais tenra. São os figos a parte mais usada e mais rica da figueira, por conterem em abundância açúcar, cálcio, proteínas, lípidos, fósforo, e por serem de fácilo digestão. Por tudo isto, também se aplicam secos e cozidos em leite, como expetorantes para tosses, catarros e bronquites: tomam-se três vezes ao dia, 3 a 4 figos de cada vez. Ferver 5 ou 6 figos em pouca água e tomá-la em jejum e, em seguida, comer os figos, é bom contra a prisão de ventre. Externamente, usa-se a cataplasma de figos secos, cozidos em água ou leite, colocada sobre abcessos e tumores, para abrirem o mais rapidamente possível e, seguidamente, secarem. Eram os figos também que faziam parte de um antigo xarope muito peitoral, onde entravam também agriões e um pouco de açúcar mascavado, para quem se sentisse fraco fisicamente ou na convalescença de algumas doenças. No entanto, os diabéticos não os devem comer ou, se o fizerem, deve ser com muita moderação.

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