A seleção de plantas num quintal era, acima de tudo, feita consoante a utilidade delas. Podia incluir plantas medicinais, temperos, pequenos vegetais usados diariamente, ervas para repelir insectos e ervas para aromatizar a casa, ou plantas para tingir lã ou linho. Quaisquer plantas que precisem de calor ou de ser protegidas do vento e do clima podiam candidatar-se ao quintal da cozinha. Num quintal de uma parteira encontrar-se-iam mais plantas medicinais do que se esta fosse tecelã, caso em que, provavelmente teria plantas para tingir. As plantas puramente ornamentais seriam difíceis de encontrar nestes quintais  (a não ser que se trouxessem de Inglaterra, por razões sentimentais), mas muitas destas plantas davam flor. Afinal a alfazema, o tomilho, o milefólio, a citronela e as tremoceiras encontravam-se no leque de plantas medicinais.

Logo à saída da porta da cozinha encontravam-se as plantas de vaso mais comuns, levadas para a América pelos colonos. John Lawrence no livro The Clergyman’s Recreation (1726) chamou-lhes “algumas plantas rasteiras usadas nas cozinhas, como cenouras, cebolas, cherivias, espinafres, etc.”. Algumas destas plantas rasteiras, como os espinafres (spinacea oleracea) preparavam-se exactamente da mesma forma que se preparam hoje em dia. Coziam-se em água a ferver ou em vapor, possivelmente acompanhadas com bacon ou ovo cozido, e temperadas com manteiga ou pimenta. Outras que geralmente não são cozinhadas hoje em dia, tais como alfaces, cozinhavam-se antes de comer e temperavam-se geralmente com pimenta e manteiga ou molho para saladas.

Os alimentos nativos

Os alimentos nativos eram também apresentados à lista da cozinha, mas normalmente encontravam-se semeados um pouco mais longe e incluíam o dente de leão, a prímula, o ruibarbo, o salsaparrilha, o agrião, os espargos e o rábano. O lúpulo era outro alimento nativo que podia colher-se em estado selvagem, muitas vezes era semeado no quintal por conveniência. Usava-se para fazer pão, para saladas, para dar sabor à cerveja, para conservação e para aplicações medicinais.

Para além da disponibilidade da quinta para colheitas, havia a vantagem de o manter próximo e debaixo de olho. Trazendo o quintal para os nossos dias, o quintal tradicional da época colonial tem muitas virtudes a ensinar. Ninguém pode discutir a beleza estética de um jardim com flores, nem de um jardim com plantas aromáticas. Certamente que estas qualidades se continuam a desejar atualmente. No entanto, as empresas de jardinagem argumentam que fazemos bem em misturar os nossos vegetais e plantas, para melhorar os campos e o solo. Essas misturas faziam-se em sistemas rotativos nos quintais coloniais.

E aqueles que optaram por uma fila de alfaces junto à cozinha sabem que desta forma irão comer mais saladas. Talvez esteja sempre presente, acima de tudo, a vontade que um quintal inspira de sair para a rua.

A importância das plantas medicinais no quintal

Actualmente estamos menos aptos a colocar no nosso quintal plantas medicinais. No entanto, muitos de nós continuam a depender da alfazema para perfumar os armários e do aloé para tratar queimaduras. Algumas espécies de margaridas ou o saião (sempervivum soboliferum) usam-se como pomadas para picadas de insectos ou pequenas queimaduras e são ao mesmo tempo plantas ornamentais. Um chá forte de salva acalma as queimaduras solares. Um pouco de salva queimada na lareira ou num fogão a alcoól dá um aroma fresco a uma sala. A hortelã e outras ervas fazem chás relaxantes para bebericar e combater o stress.

Estes, entre outros remédios à base de plantas, encontram-se disponíveis para qualquer pessoa que resolva ficar a conhecê-los. Um quintal de cozinha oferece a possibilidade de ser um espaço atractivo para este tipo de plantas. Ao o vermos todos os dias lembra-nos de o estudarmos e de fazermos uso daquilo que semeamos.

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