A vaca-loura é o escaravelho de maiores dimensões de entre todos aqueles que existem em Portugal. Apesar da sua aparência algo assustadora tem um papel importante em termos de biodiversidade e um grande valor iconográfico.

Em termos morfológicos, o macho difere da fêmea devido às suas enormes mandíbulas em formato de pinça, que utiliza para combater outros machos, na presença das fêmeas. Como curiosidade, uma vez que se encontram nos ramos altos das árvores, o macho vencedor é aquele que durante o combate não cair ao chão. As suas dimensões variam entre os 2,7 e os 5,3 cm (sem as mandíbulas). Com as mandíbulas, os machos poderão atingir os 8 cm de comprimento. Por seu lado, o comprimento das fêmeas oscila entre os 2,6 e os 4,1 cm. Apresentam cores brilhantes, com pinças e abdómen acastanhados e o tórax e a cabeça negros. Até ao mês de Setembro, as fêmeas espalham os seus ovos por vários locais.

Para seu habitat, esta espécie emblemática, privilegia as árvores mais antigas ou já mortas, sobretudo as espécies de folha caduca, tais como, o castanheiro e o carvalho, mas também podem ser encontradas em choupos, ulmeiros e freixos. Devido ao reduzido número de exemplares existentes na actualidade, esta espécie encontra-se protegida e está classificada como “Quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Devido ao seu elevado valor nutritivo, as vacas-louras apresentam-se como presas fáceis para alguns tipos de aves.

Durante cerca de três anos, as larvas de vaca-loura vivem nas raízes de árvores antigas, onde se alimentam da madeira morta, decompondo-a e devolvendo os nutrientes ao solo. Com apenas um grama de peso, podem comer cerca de 22,5 centímetros cúbicos de madeira, por dia. Quando chegam a determinado tamanho, completam a metamorfose, transformando-se em pupas até chegarem à fase adulta. Enquanto as fêmeas podem ser vistas desde o início da Primavera até Setembro, a porem os ovos nos locais que acham mais indicados para a continuidade da espécie, os machos adultos vivem apenas um mês, o tempo suficiente para acasalarem, acabando depois por morrer. Conseguem voar, atingindo velocidades na ordem dos 6 Kms/h.

A vaca-loura é apenas uma de diversas espécies que vivem nas nossas florestas nativas. Sempre viveu em grandes carvalhais e, por isso se acredita que o corte desordenado e cada vez mais acentuado desta espécie é tido como a principal ameaça à sua sobrevivência. Durante a sua curta vida são muito úteis para regular e reciclar os nutrientes do solo, tendo um papel importante nos ecossistemas, na saúde das florestas e no combate às alterações climáticas.

Apesar de ser considerada um símbolo da protecção das florestas nacionais, de se tratar de uma espécie protegida por lei e de estar quase em risco de extinção no continente europeu, pouco se conhece sobre o seu estado de conservação em Portugal

Esta espécie que reside no imaginário português, é conhecida por diversos nomes, dependendo das localidades, por exemplo: cabra-loura, escorna-bois, carocha, escaravelho-veado, lucano, corna-loura, cornélia, abadejo, etc. Toda esta diversidade de nomes é sinónimo da sua forte ligação às pessoas, desde tempos imemoriais. Nesses mesmos tempos em que este fantástico animal estava associado a vários contos tradicionais, a tradições populares, a brincadeiras de crianças e até a amuletos.

Em Portugal, a família Lucanidae à qual pertence a vaca-loura (Lucanus Cervus) conta ainda com os (Lucanus barbarossa, Dorcus parallelipipedus e Platycerus spinifer).

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