Por se encontrar em perigo de extinção, o garrano é hoje uma raça protegida. Os poucos exemplares que existem, sobretudo no Parque Nacional da Peneda-Gerês, encontram-se ou estado selvagem ou pertencem a proprietários e vivem também de um modo semi-selvagem. Em tempos habitavam a quase totalidade do território continental nacional. Distinguem-se de outras raças de cavalos pelas orelhas e pernas curtas, assemelhando-se muito aos póneis. Atinge cerca de 1,30m de estatura.A origem do garrano (Equus caballus L.), que hoje habita e está praticamente confinado ao noroeste peninsular, sendo que uma parte considerável se encontra na região de Barroso, remonta ao cavalo Ibérico pré-histórico. Estes cavalos apresentavam pequena estatura e povoavam as montanhas da Península Ibérica.

Os cavalos que habitam a Península Ibérica encontram-se divididos em dois grupos distintos: os cavalos “ibéricos” e os póneis “celtas”. Estes últimos habitam as regiões mais inóspitas, húmidas e frias a Norte da Península Ibérica. Em Portugal temos os garranos. Em Espanha, os Cavalos do Monte, os Asturcóns e os Pottokas.
Devido às sucessivas invasões sofridas pela Península Ibérica, houve vários cruzamentos entre várias raças de cavalos. Como consequência disso, hoje temos três raças autóctones: o Lusitano, o Garrano e o Sorraia. Os cavalos tiveram, ao longo dos séculos, um papel central no modo de vida dos povos peninsulares. Acredita-se que a sua presença por estas paragens remonte às Idades do Ferro e do Bronze.

O grego Estrabão no Sec. I a.C. descreveu uma grande presença de cavalos selvagens na Península Ibérica. Os garranos tiveram um papel importante na época da Reconquista Cristã e na fundação de Portugal, contribuindo para a fixação da população portuguesa.
A título de curiosidade importa dizer que os garranos e outras raças de cavalos portuguesas e espanholas, na época dos Descobrimentos, foram levados para as américas, quer pelos portugueses, quer pelos espanhóis.

Porque é necessário preservar a raça e apostar na sua divulgação e valorização, no ano 2011 foi apresentada uma candidatura, para que fosse considerada Património Nacional. Os objectivos da candidatura eram muito claros: por um lado, estudar e caracterizar a raça, por outro, abordar a sua envolvência nas vertentes: social, turística, cultural e ambiental.

As características e comportamentos desenvolvidos pelos garranos estão intimamente relacionadas com o seu habitat natural, em florestas e montanhas isoladas e inóspitas.
Até à massificação dos transportes ferroviário e rodoviário, os garranos, devido à sua resistência e adaptação aos relevos íngremes, eram muito usados pelas comunidades rurais, quer para os trabalhos agrícolas, quer como meio de transporte de pessoas e mercadorias. Atualmente usam-se sobretudo em passeios turísticos.

Hoje em dia é muito importante que saibamos preservar o seu legado cultural e o seu património genético, como forma de perpetuarmos a sua existência entre as nossas comunidades.

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