A tradição diz-nos que uma chaleira de chá a assobiar traz boas notícias. Somos também avisados para nunca deixar secar a chaleira, ou teremos má sorte. Ao longo dos séculos acabámos por reconhecer que o chá de camomila é calmante. O chá de trevo-dos-prados é bom para a garganta inflamada. As folhas de framboesa e de amora são boas para misturar. O chá de bagas de roseira-brava é rico em vitamina C. No entanto, podemos não saber que a bergamota (útil na tosse e na febre) confere um sabor característico ao chá earl grey, mas apreciamo-lo da mesma forma.
“Imperador amarelo” – o descobridor do chá
Talvez não constitua uma coincidência o facto de que a descoberta do chá e a origem dos conhecimentos médicos tivessem sido atribuídos à mesma pessoa, o chinês “Imperador Amarelo” (c. 2500 a.C.), que se diz ter salvo o seu povo da epidemia da cólera insistindo para que este fervesse a água. Uma vez que as folhas de chá acrescentaram-se muitas vezes à água, vários chás ficaram associados a poderes curativos. No Japão o aspecto meditativo da cerimónia do chá assumiu propriedades fortificantes. Pode uma simples chávena de chá e outras ervas ser a chave para a saúde?
Chá – a bebida que anima, mas não inebria
A Sra. Beeton no seu livro Book of Household Management (1861), referiu o chá como “a bebida que anima e não inebria”, citando William Cowper. No entanto, por volta da mesma altura, Florence Nightingale fez notar que o chá adquirira um lugar mítico nos quartos de doentes ingleses. Esta autora referiu o seguinte: “Muitas coisas contra o chá são ditas por pessoas sensatas, e uma grande quantidade de chá é dada aos doentes por pessoas tolas.” Concluindo, o que ela pretendia dizer é que o chá, embora certamente fortificante, não podia substituir alimentos mais nutritivos. Vamos estudar os chás, como ponto de partida, o início dos muitos pequenos passos que devem dar-se para aprender a usar os remédios caseiros à base de plantas.
As potencialidades dos chás
Consoante os ingredientes usados, o chá pode ser um medicamento preventivo, ou fortificante. Também pode, simplesmente, servir para saciar a sede ou ser tomado pelo prazer de relaxar. O ácido tânico que existe no chá tem sido prescrito para neutralizar toxinas alcalinas, que incluem a morfina e outros narcóticos, a nicotina, a estricnina e a cafeína. Alguns chás usam-se para reduzir os níveis de colesterol no sangue, como estimulantes ou como adstringentes. Os chás verdes recomendam-se pelas suas propriedades diuréticas e para neutralizar tumores. Como concusão, pode afirmar-se que, por mais que os chás façam além disso, é razoavelmente seguro afirmar que grande parte dos chás “não fazem mal a ninguém”. Hipócrates, o “pai da medicina” grego, te-lo-ia desejado. (Estritamente falando, ele não escreveu o juramento de Hipócrates, simplesmente o expôs).
Concluindo, pensemos na chávena de chá como um veículo para transmitir os poderes curativos de uma variada gama de diferentes ervas, no entanto, escolha as ervas que vai utilizar com muito cuidado. Algumas como a consolda, podem ser prejudiciais.